sexta-feira, 31 de março de 2017

primeira dor

O conto "Primeira dor" inicia uma sequência de quatro pequenos contos de "Um Artista da fome" que, junto com a novela "A Construção" fazem, conforme o crítico e tradutor da obra Modesto Carone, "o testemunho literário de Franz Kafka". A coletânea foi escrita pouco antes da morte do escritor que ocorreu em 1924.
"Primeira dor", o menor conto do livro, nos apresenta o trapezista que - como o Barão de o "Barão nas Árvores" de Ítalo Calvino que escolheu nunca mais descer ao solo - não tinha como perspectiva da sua vida descer do trapézio. A dor não física, é apresentada por Kafka de maneira cortante.
A partir de "mais informações", o pequeno grande conto na íntegra.

domingo, 5 de março de 2017

chega de saudade e la fiesta



 ...e de quebra (e que "quebra") um (ou o grande) clássico de Chick Corea, "La Fiesta", também com mágica participação de Gary Burton.

sexta-feira, 3 de março de 2017

os moedeiros falsos e o brasil privatizado

Neste momento de neoliberalismo subserviente e antiquado pelo qual passa o país, nos parece pertinente lembrar de um artigo escrito em 1994 por José Luis de Fiori, e que depois virou livro, os dois com o mesmo nome: "Os moedeiros falsos", uma alusão ao livro de mesmo nome de André Gide. Outro livro que procura dar conta do momento de entrega do país através de FHC é o "Brasil Privatizado" de Aloysio Biondi, escrito inicialmente em 1999 e reeditado em 2014 ( boa matéria aqui ). São duas obras que explicam o país.
Abaixo o longo artigo publicado pela Folha, uma outra Folha, a de 94.

" O real não foi criado para eleger FHC, FHC é que foi concebido para viabilizar no Brasil as teses do Consenso de Washington".


OS MOEDEIROS FALSOS
JOSÉ LUÍS FIORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Afinal é preciso admitir, meu caro, que há pessoas que sentem necessidade de agir contra seu próprio interesse..."
André Gide
"É importante para um 'technopol' vencer a próxima eleição para continuar a implementar sua agenda e não para manter-se no cargo. Vencer uma eleição abandonando suas posições é para ele uma vitória de Pirro."
John Williamson
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Entre os dias 14 e 16 de janeiro de 1993, o Institute for International Economics, destacado "think tank" de Washington, tendo à frente Fred Bergsten, reuniu cerca de cem especialistas em torno do documento escrito por John Williamson, "In Search of a Manual for Technopols" (Em Busca de um Manual de 'Tecnopolíticos'), num seminário internacional cujo tema foi: "The Political Economy of Policy Reform" (A Política Econômica da Reforma Política).
Durante dois dias de debates, executivos de governo, dos bancos multilaterais e de empresas privadas, junto com alguns acadêmicos, discutiram com representantes de 11 países da Ásia, África e América Latina "as circunstâncias mais favoráveis e as regras de ação que poderiam ajudar um 'technopol' a obter o apoio político que lhe permitisse levar a cabo com sucesso" o programa de estabilização e reforma econômica, que o próprio Williamson, alguns anos antes, havia chamado de "Washington Consensus" (Consenso de Washington).
Um plano único de ajustamento das economias periféricas, chancelado, hoje, pelo FMI e pelo Bird em mais de 60 países de todo mundo. Estratégia de homogeneização das políticas econômicas nacionais operada em alguns casos, como em boa parte da África (começando pela Somália no início dos anos 80), diretamente pelos técnicos próprios daqueles bancos; em outros, como por exemplo na Bolívia, Polônia e mesmo na Rússia até bem pouco tempo atrás, com a ajuda de economistas universitários norte-americanos; e, finalmente, em países com corpos burocráticos mais estruturados, pelo que Williamson apelidou de "technopols": economistas capazes de somar ao perfeito manejo do seu "mainstream" (evidentemente neoclássico e ortodoxo) à capacidade política de implementar nos seus países a mesma agenda e as mesmas políticas do "Consensus", como é ou foi o caso, por exemplo, de Aspe e Salinas no México, de Cavallo na Argentina, de Yegor Gaidar na Rússia, de Lee Teng-hui em Taiwan, Manmohan Singh na Índia, ou mesmo Turgut Ozal na Turquia e, a despeito de tudo, Zélia e Kandir no Brasil.
Um programa ou estratégia sequencial em três fases: a primeira consagrada à estabilização macroeconômica, tendo como prioridade absoluta um superávit fiscal primário envolvendo invariavelmente a revisão das relações fiscais intergovernamentais e a reestruturação dos sistemas de previdência pública; a segunda, dedicada ao que o Banco Mundial vem chamando de "reformas estruturais": liberalização financeira e comercial, desregulação dos mercados, e privatização das empresas estatais; e a terceira etapa, definida como a da retomada dos investimentos e do crescimento econômico.
(continua em "mais informações")