domingo, 6 de novembro de 2016

um olhar sobre a mostra internacional de cinema de são paulo

A Mostra deste ano trouxe reflexões sobre o mundo que vivemos. Pena que, ainda que os espaços das salas sejam sempre muito disputados, essas reflexões acabam ficando concentradas num público que já está previamente interessado e aberto a essas reflexões. Essa Mostra teve claramente um caráter ainda mais político do que costuma ter. Além dos filmes de Bellochio e de Wajda, trouxe muitos dos temas contemporâneos: os conflitos políticos, os refugiados, os esquecidos, as guerras, os cantos do mundo... Tudo aquilo que a grande mídia ocidental evita mostrar e que foram apresentadas, não só nos filmes produzidos em países latino-americanos ou em países como Síria, Iraque, Afeganistão, Irã, Tunísia ou europeus como Polônia (com muitos novos diretores), Grécia, Eslováquia, República Tcheca, Romênia, Bulgária, Islândia, mas em filmes produzidos na França/Bélgica - como "O Caminho para Istambul" - ou mesmo nos EUA - como "Cameraperson" que tratam de questões emergentes de um novo ordenamento mundial, ou ainda filmes coproduzidos entre França/Alemanha/Irã ou Filipinas/Singapura ou Malásia/Filipinas ou Síria/Líbano ou ainda Síria/Iraque que produziram o excelente documento "A Vida na Fronteira" - comentado nos pitacos da mostra mais abaixo - entre muitos outros.
Num mundo em que até as comoções são seletivas - vide as diferenças das coberturas midiáticas de um atentado na Nigéria e outro em Paris -, a Mostra tem um caráter plural de mostrar um mundo sem filtros, além daquele que nos é apresentado. Neste tempo em que a reflexão é tão combatida e substituída pela vida padronizada e comprada, a Mostra é uma pequena boia de salvação.

Nenhum comentário: