quinta-feira, 30 de outubro de 2014

edição 2397 da revista veja, um marco

Em 18 de outubro este empório postou, logo abaixo, o texto reforma e regulação . Ainda não havia saído a edição da revista Veja, mas havia a expectativa que algo estava sendo preparado. A revista que chega às bancas sempre aos sábados, antecipou a sua capa para ser disseminada na rede já na quinta-feira e vendida nas bancas na sexta, a tempo do candidato Aécio Neves ser por ela pautado na reta final da campanha - inclusive no debate - e, na tabelinha costumeira, ser repercutido no Jornal Nacional da Rede Globo, o já tradicional Jornal Nacional dos sábados anteriores às eleições nacionais.
Para quem conhece o cenário e a já tradicional tentativa de interferência da mídia nas eleições desde 1989, início do processo de redemocratização, não se surpreendeu. Quando no início da semana decisiva os dois principais institutos de pesquisa apontavam a vitória de Dilma mas com uma margem que poderia ser revertida, já se esperava a reação midiática que viria a partir da capa da Veja. Não houve, portanto, surpresa. Houve espanto. A virulência ultrapassou os limites, elevando a revista a atingir a categoria  - como momeou o jornalista Paulo Nogueira, do DCM - de delinquência editorial.
O tema é antigo. Este empório já o trouxe inúmeras vezes, mas, ainda que seja antigo, o marco regulatório da mídia nunca foi tratado de maneira objetiva e não o foi, porque foi transformado pelos donos da comunicação no país como um tema tabu. E em "temas tabus", o melhor é evitá-los. Este é o recado não tão subliminar, que os donos da comunicação exortam. O estágio de delinquência editorial que a revista Veja alcançou nesta eleição, só foi atingido porque no setor, há a certeza que a eles tudo é e deve ser permitido. É a licença para matar do velho oeste, onde primeiro vem o tiro e depois a pergunta. A mídia se sente livre para assassinar reputações sem nenhuma culpa ou constrangimento.
Mas o enfrentamento dessa questão já está mais do que latente. Um marco regulatório para as comunicações é um fundamento para o avanço da democracia. Todos os países que a consolidaram, passaram por esse processo.
Essa mídia que odeia Cuba e aponta o dedo para a falta de liberdade de expressão na ilha, é a mesma que, com seu sentimento onipotente, conspira contra a verdadeira liberdade de expressão.

PS.: O jornalista e sociólogo Venício Lima lembra em artigo ( ver aqui ) que "(...) urge ser regulamentado e cumprido o parágrafo 5° da Constituição Federal do artigo 220 que reza: 'Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio'".

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

sobre a compra de votos da emenda da reeleição de fhc



O trecho acima faz parte do documentário "O Mercado de Notícias" de Jorge Furtado que este empório resenhou em 17 de agosto último.

sábado, 18 de outubro de 2014

reforma e regulação

Há duas proposições políticas que são fundamentais se quisermos avançar a democracia no país. Uma delas é a reforma política, colocando na pauta o financiamento público de campanha, os partidos de aluguel a fidelidade partidária entre outros temas. Uma reforma como essa, dificilmente sairá do Congresso Nacional porque interesses corporativos entrarão na discussão. A reforma terá que vir da sociedade organizada, seja através de um plebiscito ou de uma constituinte exclusiva para tratar a matéria. Essa discussão tem que, necessariamente, avançar no país.
A outra proposição é a pauta da regulação da mídia. Esse tema já foi tratado neste empório várias vezes ( nos "marcadores" - vejam ao lado e mais embaixo - o tema "mídia" aparece 27 vezes, ). No artigo o risco que corremos de outubro de 2012, tratamos do posicionamento da mídia oligopolizada na relação com a Ação Penal 470, novelisticamente chamada de "mensalão".
A regulação da mídia está diretamente relacionada ao nível ou etapa do processo democrático em que um país se encontra. As grandes e consolidadas democracias europeias como, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Espanha, Suécia, Dinamarca, têm leis que regulam a atividade jornalística. O mesmo ocorre no continente americano, com Canadá e EUA e agora, a duras penas, na Argentina. A Inglaterra está rediscutindo a questão para estabelecer uma nova legislação a partir do escândalo que culminou com o fechamento sumário do centenário tabloide News of the World no conhecido caso Murdoch.  No nosso processo democrático, ainda gatinhamos nessa matéria, e qualquer movimento no sentido de ampliação dessa discussão retumba uma reação enlouquecida das poucas famílias que controlam a comunicação do país, alegando, em causa de seus interesses, que não se pode interferir na "liberdade de imprensa" ou "liberdade de expressão". Mas a extrapolação, sobretudo das revistas Veja, Isto É e Época  nas últimas semanas, excitadas com a possibilidade de uma vitória eleitoral de quem representa os seus interesses, indica que a democratização dos meios de comunicação é uma pauta urgente e que tem que ser enfrentada, ainda que se saiba dos muros espinhosos que terão que ser transpostos.