quinta-feira, 27 de junho de 2013

não li e não gostei

Bom, a PEC 37 virou história, e prematuramente, e com derrota retumbante. Engordou a lista do “não li e não gostei”. Um parêntese: a expressão “não li e não gostei, diz a lenda, foi pronunciada pela primeira vez por Oswald de Andrade quando perguntado sobre um livro de José Lins do Rego. Fecho o parêntese. No caso da PEC 37, o que temos é uma variação. Seria um “não entendo e sou contra”.
Vitória inconteste da Globo. Mas alguém agora poderia nos responder quem pagou a conta da milionária campanha promovida pelo MPF? Tenho cá com meus botões que as inserções entre os Jornais Nacionais, que custam a bagatela de 500 mil por 30s, foi subsidiado pela rede platinada, mas isso nunca saberemos. O MPF tem orçamento próprio. Sobra-lhe recursos para as outras tantas campanhas em todas as revistas e jornais de peso do país como foi feita? A campanha, nada didática, foi realizada, para "sabermos" que a PEC 37 era a favor da impunidade e de todos os corruptos do país.
Voltaremos em breve, neste Empório, a falar de arte & congêneres.


Um P.S: Joseph Pulitzer, do "Prêmio Pulitzer de Jornalismo" já nos disse que "uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela".

domingo, 23 de junho de 2013

a pec 37


foto de Maureen Bisilliat
Vamos então à PEC 37. A Proposta de Emenda Constitucional n° 37. Muito  se tem falado e pouco se tem compreendido do que se trata. Algo parecido com o que ocorre com Carlos Drummond de Andrade: todos sabem que existe e até , eventualmente, conhecem um versinho ou outro, mas pouquíssimos o leram de fato.  Nessas manifestações, vi algumas pessoas exibindo cartazes contra a PEC 37. Curioso, perguntava a elas a razão da contrariedade e percebi, na maioria dos casos, que não sabiam nem mesmo do que se tratava. Quando muito, tinham escutado algo como “ela não é boa para o país” ou algo mais contundente ainda: “ela é antidemocrática”. Ora, se a percepção sincera de quem estava nas manifestações era a de que estavam no pleno exercício da democracia, algo que é carimbado como antidemocrático deve ser combatido. Uma espécie de “pensamento de manada”. (continua em "mais informações")

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"movimentos sociais na era da internet"

Como disse na postagem anterior, que chamei de “artigo em construção”, cada amanhecer pode nos trazer novas surpresas e talvez a única certeza que temos neste momento, é de que não há certezas no horizonte mais próximo. O movimento toma proporções que escapam ao entendimento, mas por uma mera coincidência, o sociólogo espanhol Manuel Castells que tem se debruçado sobre a questão dos movimentos sociais na era da internet, esteve em São Paulo na semana passada para ministrar uma palestra no evento Fronteiras do Pensamento. A palestra foi no dia 11, dois dias antes da grande manifestação, ferozmente combatida pela polícia do Estado de São Paulo.

O assunto foi tratado por Alexandre Matias do blog Galileu que este Empório reproduz abaixo.



O ponto em comum entre a praça Taksim e avenida Paulista
por Alexandre Matias


O sociólogo espanhol Manuel Castells falou nesta terça-feira em São Paulo sobre esta nova modalidade de manifestação social – que começa na internet e vai para as ruas.

Ao mesmo tempo em que o sociólogo espanhol Manuel Castells falava em mais uma palestra do evento Fronteiras do Pensamento, que aconteceu no Teatro Geo na terça-feira desta semana, em São Paulo, a tensão entre manifestantes contra o aumento da passagem de ônibus e a polícia militar chegava às vias de fato a poucos quilômetros dali, na Avenida Paulista. Não estava alheio ao que acontecia na cidade, ao citar o protesto paulistano como uma das inúmeras manifestações de uma indignação que, nos últimos cinco anos, tem começado em um novo espaço social, a internet, para depois chegar às ruas, em massa.
(continua em "mais informações")

terça-feira, 18 de junho de 2013

sobre as manifestações


foto de Paula Cinquetti
Eu comecei escrever este texto várias vezes, e o faço agora além das 23 horas, quando as manifestações se concentram ainda em frente ao Palácio dos Bandeirantes em São Paulo; em frente da Assembleia Legislativa do Rio; na Praça Sete em Belo Horizonte e em outras tantas cidades do Brasil. Este é sem dúvida, um dia que será objeto das aulas de história no futuro. Até lá, tentaremos entender o que foi isto, e tentar imaginar quais os seus desdobramentos.

Mas me fixo nas imagens, inicialmente, de figuras como o Arnaldo Jabor e o Marco Antonio Villa, que antes da manifestação do dia 13 em São Paulo, já taxavam as manifestações como fascistas. E é importante que o tenham dito, porque foi ali que começamos a entender aquilo que elas realmente não são. E esse é o ponto de partida: precisamos entender esse novo momento.
 

A chamada militância digital se usufrui de ferramentas poderosas que lhe permitem propagar, seja lá o que for:  uma tendência, espontânea ou não, que pode ser bem ou mal articulada, e com lideranças mais ou menos identificadas.  

O Movimento pelo Passe Livre (MPL) parte da questão do transporte, ou menos ainda: foca no aumento da tarifa, que compõe apenas um dos elementos de uma política de transportes. Mas parece claro que esse é apenas a luz de vela de outras luzes que, ainda difusas, mostram outras insatisfações acumuladas, reais ou imaginárias. É preciso entender o que está acontecendo. E o que está acontecendo vai além das reinvindicações pontuais que mudarão conforme as expectativas, expectativas que também mudam com a velocidade do tempo inerente às redes de internet.

Há assim, me parece, pelo menos dois movimentos a serem analisados. O primeiro é a soma das insatisfações representadas nas manifestações, essas que são objetos de políticas públicas. O enfoque ora apresentado é o transporte. E este, num governo de tradição popular como o PT, tem que ser discutido amplamente, alargando os canais, ampliando o debate e trazendo para esta realidade, não a forma – que talvez não caiba mais -, mas o conceito do que foi há vinte anos, o orçamento participativo. Isso significa, identificar prioridades numa perspectiva de ação democrática, mas inserido neste desafio dos movimentos sociais conectados à rede.
O segundo movimento é a busca de um entendimento mais amplo e ainda nebuloso que está além das ações efetivas de políticas públicas, que é a mudança muito rápida do avanço das tecnologias digitais que tendem a dissipar, ou colocar em outro plano, o monopólio da imagem e da comunicação. Em que medida e como isso mudará as interlocuções e em que campo caberá o debate (virtual?) com uma juventude, ainda que participativa, desideologizada ?

(Bom, agora é 01h:08 e talvez com o amanhecer este artigo em construção tenha envelhecido)

domingo, 2 de junho de 2013

em memória de heleny guariba

Filha de Isaac Ferreira Caetano e Pascoalina Alves Ferreira, mãe de Francisco e João Vicente, Heleny Guariba, ou simplesmente Lenita, como era conhecida em Bebedouro, onde nasceu, é dada como "desaparecida política".
Professora universitária e produtora teatral, foi diretora do Grupo de Teatro da Cidade em Santo André. Estudou teatro na França e Alemanha e trabalhou com Augusto Boal. Foi militante da VPR - Vanguarda Popular Revolucionária-.
Presa em 1970 foi torturada pela Oban e pelo Dops no presídio Tiradentes antes de ser libertada em 1971 e, meses depois, presa novamente no Rio de Janeiro onde teria sido executada em Petrópolis.
Abaixo o vídeo gravado por Glória Pires pela "Campanha pela Memória e Verdade" da OAB do Rio de Janeiro:

(Em Diadema um dos Centros Culturais da cidade se chama "Heleny Guariba"/ O Teatro Studio 184, na Praça Roosevelt em São Paulo, mudou o seu nome para Teatro Studio Heleny Guariba em abril deste ano e ocupa a antiga sala Sérgio Cardoso do lendário Cine Bijou)