segunda-feira, 20 de agosto de 2012

quem foi sabina spielrein?

Quando fiz a pergunta "quem foi otto gross?" ( otto gross ) na postagem de 25 de abril, uma das postagens mais visitadas do blog, o fiz em função do enigmático personagem que aparece no filme "Um método perigoso", comentado na postagem trilogia da psicanálise . Um dos filmes ali comentados é "Jornada da Alma" de Roberto Faenza, que acabo de rever. A figura central do filme é Sabina Spielrein, personagem chave na história da psicanálise e que, apenas muito tardiamente, foi lhe dado o devido lugar na história.
Sabina, uma jovem russa, culta e poliglota, foi diagnosticada com histeria, fruto de um infância atormentada pela figura viloenta do pai, e internada na clínica em que trabalhava Gustav Jung na Suiça. Foi em Sabina que Jung aplicou pela primeira vez os métodos da psicanálise desenvolvidos por Freud. Os dois trocaram inúmeras correspondências em que Jung relatava os processos do tratamento, que acabou por ser bem sucedido, mas  evitava informar a Freud que havia desenvolvido um relacionmento amoroso com sua paciente.
Sabina foi estudar medicina na área de psiquiatria e a sua tese sobre questões relacionadas à esquizofrenia, é fruto da análise de uma paciente sua que já havia se tradado com Jung e que, da mesma forma que ela, também havia se apaixonado por ele.
A história da psicologia coloca como sua obra principal "A destruição como causa do nascimento" -como bem nos explica, Isaias Pessotti, ex professor de psicologia da USP/Ribeirão Preto -, "que traz a formulação pioneira do conceito de pulsão (ou instinto) de morte: o medo, a ansiedade ou as vivências defensivas, que acompanham o instinto de procriação resultam de 'sensações que correspondem à componente destrutiva do instinto sexual' ".

Sabina casou-se com Pavel Scheftel, também médico, com quem teve duas filhas e voltou à Rússia, União Soviética à época, para viver em Rostov, sua cidade natal onde fundou o que ficou conhecido como "Berçário Branco", um espaço para cuidar de crianças, todo ele pintado de branco, e que foi fechado e destruído pelas autoridades soviéticas. Seu marido foi preso e morto em 1936 pela polícia política de Stalin e, em 1942, Sabina e suas duas filhas foram metralhadas pelas tropas alemãs que tomaram Rostov.

caravaggio

Caravaggio, é, sem dúvida, a outra grande exposição no momento em São Paulo, mas há outras, como a do venezuelano Cruz-Diez na Pinacoteca com nada menos do que 150 obras. Apenas citando as duas exposições já tão comentadas e difundidas, coloco os links: masp e pinacoteca

os impressionistas do masp

O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo apresenta a exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade - Obras-Primas do Museu d'Orsay, até 7 de outubro. A exposição tem causado enormes filas. Este empório recomenda a visita, e para melhor fruição, os horários noturnos são os mais adequados. De terça a quinta fica aberto até às 22 horas e de sexta à domingo até às 23 horas.
A coleção trás, de fato, grandes obras mas nem todas podem ser categorizadas como impressionistas.
O Masp tem no seu acervo muitas obras no século 19 francês e muito de alguns dos artistas representados na exposição do CCBB. Como temos neste empório a série obras do Masp, vou lembrar de duas postagens de pintores presentes na exposição - não, propriamente, impressionistas-, Van Gogh e Degas ( van gogh e degas ) que tratamos aqui, e telas de alguns outros de acervo do Masp.
Manet - O Artista

outras telas, clique em "mais informações"

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

terça-feira, 7 de agosto de 2012

o sono do judiciário

Enquanto o advogado de defesa Arnaldo Malheiros Filho fazia os seus pronunciamentos - os pronunciamentos que farão, ou deveriam fazer parte da substância que formulará a decisão do STF - dois dos seus ministros mais midiáticos dormiam(*). O mesmo não ocorreu nas horas discursivas do acusador e procurador Roberto Gurgel, que citou inadvertidamente, até Chico Buarque. Na ocasião, os dois estavam tão atentos quanto inflexíveis.

(*) em foto de André Coelho.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

é o julgamento do mensalão ou do holocausto?


Os Marinhos, os Frias, os Mesquitas e os Civittas dizem que se trata do "julgamento do século" e mais do que isso: já deram até o veredicto. Sobrou alguma coisa para o STF?

Um julgamento de exceção

por Antonio Lassance, na Carta Maior


Dizer que o mensalão é o maior escândalo de corrupção da história do país é corromper a própria história da corrupção do Brasil. É um favor que se faz a uma legião de notórios corruptos e corruptores de tantas épocas que jamais foram devidamente investigados, indiciados, julgados, muito menos condenados.

O que se pode de fato dizer sobre a Ação Penal 470 é que nunca antes, na história desse país, um escândalo foi levado, com está sendo agora, às suas últimas consequências.

Como é possível que, em apenas 2 anos (supostamente, de 2003 a 2005, quando foi denunciado), um único esquema tenha sido capaz de superar aqueles constantes de 242 processos engavetados e 217 arquivados por um único procurador-geral?

Também falta um pouco de noção de grandeza a quem acha que o financiamento irregular a políticos, de novo, em apenas dois anos, pudesse ter causado mais prejuízo aos cofres públicos do que o esquema que vendeu um setor econômico inteiro, como foi o caso da privatização do sistema de telecomunicações. Será mesmo que o mensalão também superaria, em valores e número de envolvidos, os esquemas que levaram ao único “impeachment” de um presidente brasileiro? Improvável.

Um espetáculo para inglês ver

O mensalão é o ponto culminante de um processo de crescente ativismo judicial que transborda para o jogo da política. Longe de ser um julgamento técnico, trata-se de um exemplo da politização da pauta do Judiciário. O grande problema para a Justiça é que a linha entre a politização e a partidarização é tênue. O bastante para que este Poder passe a ser alvo de suspeitas de que sua atuação esteja sendo orientada e dosada com base em quem se julga, e não no que se julga.
(continua)