terça-feira, 31 de janeiro de 2012

raimundo belmiro será assassinado

Não se trata de novela da Globo.
Em 25 de maio de 2011 eu postei
"madereiros em festa: a morte anunciada de zé cláudio na semana de aprovação do código florestal ". Dois dias depois eu postei  "mais uma morte e, de novo, anunciada". Naquela oportunidade  foi assassinado Adelino Ramos, agricultor e líder comunitário.
Na Amazônia é assim. Raimundo Belmiro tem a cabeça a prêmio. É mais um..Vejam reportagem de Eliana Brum:

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

yoani sánches não vê, mas “Esta noite, 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana”.

O Lúcio de Castro é uma figura e tanto no meio jornalístico. Ótima pena e, meio sem paciência com as coisas tortas do mundo, acaba sendo um tanto ranzinza e mal humorado à cerca das discussões referentes aos temas que trata. Ganhou  inúmeros prêmios como Anamatra Direitos Humanos 2009, Prêmio Direitos Humanos MJDH/OAB 2008 e 2010, Ibero-Americano (UNICEF-EFE) Fundación Nuevo Periodismo (dirigida por Gabriel Garcia Márquez) e Vladimir Herzog (2011). A sua praia hoje é o jornalismo esportivo. Saiu da Sportv, vinculada à Rede Globo, porque lá  era impedido de dizer o que pensava da CBF, do Ricardo Teixeira, do Nuzman, do COB e congêneres, e hoje atua na  ESPN onde mantém um blog. Mas como ele é um cara diferente, por vezes, ele não trata de esportes, como esta postagem em que ele trata da, hoje famosa,  blogueira cubana Yoani Sánchez.
Os seus comentários e a entrevista com Yoani realizado por Salim Lamrani e que o Lúcio nos trás, são, mais do que brilhantes, reveladores. A entrevista, como o próprio Lúcio aponta, é muito longa, mas é, eu diria, imperdível e eu a coloquei após a quebra de página.( Para quem quiser ir direto à fonte...:
http://espn.estadao.com.br/luciodecastro/post/238103_A+BLOGUEIRA+QUE+VIROU+SANTA+E+A+DONA+DA+SEMANA#comentarioAba )
A blogueira que virou santa é a dona da Semana

ENTREVISTA COM YOANI SÁNCHEZ, por SALIM LAMRANI:
por Lúcio de Castro
Não sei se ainda é a ressaca da volta das férias, relatada aqui no último texto. Não sei nem ao certo se as coisas sempre foram e são assim ou se esse sentimento de que tudo em volta anda carregado é desses dias ou desde sempre. O fato é que os últimos dias tiveram cor de chumbo. Não o chumbo dos anos de sufoco, mas um chumbo misturado com cinismo, com a “força da grana que mata e destrói coisas belas”, e uma sensação de que as coisas estão passando como rolo compressor por todo mundo, e a tal força da grana, o poderio econômico, a concentração de poder nos meios de comunicação e os tempos do pensamento único no mundo chegaram definitivamente para paralisar todo mundo. Com a agravante de que, em tempos de redes sociais, todo mundo se acha fazendo sua parte tuitando. É a rebeldia emoldurada em 140 caracteres.

Dias de envergonhar a espécie humana, com a barbárie do Pinheirinho, a omissão de sempre dos governantes nos prédios que desabam (como já tinha sido no bonde, nos temporais, em tantas coisas...), com o chocante relato na reportagem de Eliane Brum (sempre ela...!), “A Amazônia, segundo um morto e um fugitivo”, disponível na internet. Para completar, na semana que entra, temos a monótona, repleta de chavões e inverdades, parcial, acrítica, e muitas vezes beirando o desonesto, cobertura da visita da presidenta Dilma a Cuba. Desde já, nossa imprensa elegeu a personagem da viagem, não importando o que irá acontecer: Yoani Sánchez, a blogueira cubana. Eleita estrela pop pela imprensa mundial já há algum tempo.

Yoani Sánchez todos conhecem. Ou acham que sim. A tal blogueira que virou símbolo mundial na luta “pelos direitos humanos em Cuba”, “contra a falta de liberdade de expressão em Cuba”, etc... Não iria aqui (prestem atenção nesse trecho antes de enviar afirmações deturpadas sobre minhas opiniões... ) ignorar problemas, alguns graves, ocorridos ao longo do processo revolucionário em Cuba, desde 1959. Apenas é preciso tentar ver o outro lado sem a dose de cinismo com que geralmente a nossa imprensa o faz, assim como a maioria esmagadora da imprensa do ocidente. Sem ignorar os bloqueios, as sabotagens, as criminosas tentativas de homicídio partidas de Washington e outras variáveis. Estive na ilha por diversas e diferentes razões, e por isso gosto mais ainda dos versos de Pablo Milanez, equilibrado em reconhecer as contradições da revolução e seus méritos em “Acto de Fe”.

É preciso se despir de preconceitos, conceitos prontos e chavões para ao menos manter o senso crítico quando se vê, repetidas e monótonas vezes, a afirmação dos “desrespeitos e violação aos direitos humanos em Cuba”. Ou se fala com absoluto conhecimento de causa, se é capaz de afirmar com conhecimento e critério jornalístico, provando, ou nos resta como referência o órgão mundial que trata sobre o assunto. E segundo a Anistia Internacional, que de forma alguma pode ser apontada como conivente com Cuba, (muito pelo contrário), em parecer de abril de 2011, “no continente americano, é o país que menos viola os direitos humanos ou que melhor os respeita é Cuba. O parecer está no sítio da Anistia Internacional, em três idiomas. De qualquer forma, sempre chega a ser risível falar em “violação aos direitos humanos” vivendo no Brasil de Pinheirinhos, das remoções nas grandes cidades pelo estado de exceção que se instala por causa da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, da Candelária, do Carandiru, da reportagem acima citada de Eliane Brum... E poderíamos seguir dando tantos exemplos, infinitos, né?

O mesmo informe da Anistia Internacional dá conta de que 23 dos 27 países que votaram por sanções contra Cuba por violações dos direitos humanos são apontados pela própria Anistia como violadores muito maiores do que Cuba nos direitos humanos. O que nos leva a crer que a maior violação aos direitos humanos em Cuba está mesmo na base militar americana de Guantánamo. Quem dirá o contrário, quem será capaz?

Tampouco eu seria panfletário ou bobinho de falar em “liberdade de expressão” em Cuba. Apenas não sou panfletário ou bobinho de omitir o nosso quadro. Ou o das grandes corporações, dos barões da mídia mundiais. Alguém ignora o quanto de poderio econômico serve de filtro para o noticiário nosso de cada dia, para escolher o que vai para as páginas ou ao ar? Se não acredita, então fique esperando no horário nobre a apuração séria dos desmandos da Copa de 2014 ou 2016. Não vale algo pontual, quando o próprio interesse está em jogo...

Esqueçam as duas linhas de quatro, o 4-2-3-1 e as confusões da Turma do Didi (diretoria do Flamengo) e Luxemburgo, além da operação de Rogério Ceni. A semana que começa será de Yoani Sánchez, alguém tem dúvida? Brasileiros envolvidos na cobertura da visita de Dilma a Cuba irão procurar a blogueira. Traçarão perfis. Ela que ganhou espaço como colunista do Globo, que recebeu o Jornal Nacional esses dias e tem dado entrevista pra todos os órgãos de imprensa brasileiros, irá falar mais do que nunca. Espera-se que os envolvidos na cobertura tenham ao menos um pouco da categoria e cumpram os deveres do ofício como fez o jornalista francês Salim Lamrani, professor da Sorbonne. O único jornalista do mundo até aqui a fazer algumas perguntas elementares para Yoani. O único a estranhar que a blogueira tenha recebido Bisa Williams, diplomata americana em sua casa e não tenha revelado. O único a pelo menos questionar o que poderia estar por trás da dimensão que Yoani ganhou no mundo, além dos 300 mil euros recebidos em prêmios nos últimos tempos. Uma entrevista que vale a pena. É enorme, mas vale. Pelo menos para que possamos ter algumas interrogações quando começar a “semana Yoani”.

Aos colegas envolvidos na cobertura in loco, boa sorte. Independentemente de sistemas políticos, o que fica ao fim de tudo, sempre, é gente. Curtam essa gente especial. Em alguns momentos, não saberão se estão na Pedra do Sal, aqui em São Sebastião do Rio de Janeiro ou em Habana Vieja. Esqueçam as questões ideológicas e travem conversa com aqueles que mais rápido falam no mundo. Ninguém consegue falar mais rápido do que um cubano, quase engolindo sílabas. Esqueça os chavões, o que leu. Não comece a conversa por “companheiro”. Quem é de rua sabe que nas quebradas o papo é outro. Bote a mão no ombro, chame de “sócio”, “cumpadre”, “amigo” que seja. Vai encontrar uma gente altiva, de cabeça erguida. Na correria, como em qualquer lugar do mundo. Lembrem-se também que o mojito é na Bodeguita e o daiquiri na Floridita... E na hora em que estiver trabalhando, oxalá possa deixar os preconceitos de lado. Nem de um lado nem do outro. Do mesmo jeito que não valem as versões e protocolos oficiais, se der para relativizar pelo menos tudo o que vê de mazelas, tentar entender o contexto, ir além, vai dar para sair de cabeça erguida. Do contrário, se for mais um voltando com velhos chavões e preconceitos, será mais um a conhecer a maldição da despedida em Cuba. Consta que todos aqueles que não foram capazes de manter o equilíbrio e a correção em coberturas habaneiras, ganharam um nó eterno na garganta, adquirido na hora de ir embora e que acompanha o resto da vida, em forma de vergonha. Bate forte como arrependimento quando se pensa em tudo o que se escreveu pensando na voz do dono. Um mal que acomete a quem pecou diante de Gutemberg, e vem quando se passa pelos dizeres na saída do aeroporto (nada pode ser mais devastador):

“Esta noite, 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana”.
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(para ler a entrevista, clicar em "mais informações)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

névoa na paisagem: foi-se angelopoulus

Tristeza! Só agora fiquei sabendo do acidente estúpido que matou o grande cineasta grego Theo Angelopoulus aos 76 anos.


Filmes como “O passo suspenso da cegonha” (1991), “Um olhar a cada dia” (1995) a “A eternidade e um dia” (1998), ou “Paisagem na neblina” são filmes que marcam a história do cinema, aquela história que se contrapõe a inúmeras bobagens visuais que a indústria do entretenimento despeja mundo afora a todo momento.


Talvez a grande voz da arte grega atual, Angelopoulus estava em processo de filmagem. As suas lentes estavam captando, com a sua sensibilidade incomum, os sérios problemas que atingem hoje a Grécia. Infelizmente, não poderemos nos defrontar com a subjetividade do grande diretor sobre esse tema tão marcante da nossa atualidade.


Para quem gosta de cinema, ver ou rever os seus filmes é uma experiência emocionante.

domingo, 22 de janeiro de 2012

miles davis



Ótima chance para quem ainda não foi. A exposição Queremos Miles!, que conta a história do trompetista Miles Davis - o Leonardo da Vinci do Jazz, segundo o amigo Mário Siqueira - foi prorrogada até o dia 29 de janeiro.


Concebida pela Cité de la Musique, com curadoria de Vincent Bessiéres, a exposição ocupa cerca de 600 m² do SESC Pinheiros em São Paulo e exibe mais de 300 peças de coleção para contar a trajetória do músico. É uma exposição para ver e ouvir. Imagens e sons, pelos corredores, pelas salas, transportam os fruidores para a atmosfera de Miles. Bom esquecer do tempo. Pressa não combina com a experiência proposta pela exposição.
Imperdível!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

da carta maior


http://www.cartamaior.com.br/

Contra o estrago do liberalismo, recuperar o Marx filósofo

O filósofo francês Dany-Robert Dufour refletiu sobre as mutações que esvaziaram o sujeito contemporâneo de narrativas fundadoras. Essa ausência é, para ele, um dos elementos da imoralidade liberal que rege o mundo hoje. Seu trabalho como filósofo crítico do liberalismo culmina agora em um livro que pergunta: que indivíduo surgirá depois do liberalismo? Talvez seja o caso, defende, de recuperar o Max filósofo, que defendia a realização total do indivíduo fora dos circuitos mercantis.

Alguns já o veem terminado, outros a ponto de cair no abismo, ou em pleno ocaso, ou em vias de extinção. Outros analistas estimam o contrário e afirmam que, embora o liberalismo esteja atravessando uma série crise, seu modelo está muito longe do fim. Apesar das crises e de suas consequências, o liberalismo segue de pé, produzindo seu lote insensato de lucros e desigualdades, suas políticas de ajuste, sua irrenunciável impunidade. No entanto, ainda que siga vivo, a crise expôs como nunca seus mecanismos perversos e, sobretudo, colocou no centro da cena não já o sistema econômico no qual se articula, mas sim o tipo de indivíduo que o neoliberalismo terminou por criar: hedonista, egoísta, consumista, frívolo, obcecado pelos objetos e pela imagem fashion que emana dele.
(...continua)

melancholia, por maria rita kehl

Flânerie bipolar – A melancolia, da excentricidade romântica à patologia farmacêutica


MARIA RITA KEHL //

Descrita até a modernidade como um fenômeno da cultura, sinal de excentricidade e reclusão, a melancolia perdeu, com o advento da psicanálise, o caráter criativo. No século 21, se converte em patologia ”bipolar”. Publicação de clássico do século 17 e filme de Lars von Trier trazem o melancólico de volta à cena.

O PLANETA MELANCHOLIA não é o Sol negro do poema de Nerval. É uma Lua incansável, cuja órbita desgovernada a aproxima da Terra indefesa até provocar uma colisão devastadora.

O filme de Lars von Trier mistura ficção científica com parábola moral, sofisticada e um tanto ingênua, como convém ao gênero. A destruição do mundo pela melancolia é precedida de um longo comentário sobre a perda de sentido da vida, pelo menos entre os habitantes da sociedade que Trier critica desde ”Dançando no Escuro” (2000) e cujo imaginário o cineasta dinamarquês, confiante em seu método paranoico-crítico, conhece pelo cinema sem jamais ter pisado lá: os EUA.

Ao longo do filme, Trier semeia indicações de sua familiaridade com a história da melancolia no Ocidente. O cineasta, que se fez “persona non grata” em Cannes com provocações descabidas em defesa de Hitler, mostrou compreender a posição do melancólico como a de um sujeito em desacordo com o que se considera o Bem, no mundo em que vive. Em “Melancholia”, esta é a posição de Justine (Kirsten Dunst), prestes a se casar com um rapaz tão obsequioso em contentá-la que presenteia a noiva com a foto das macieiras em cuja sombra ela deverá ser feliz.

(...continua)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

terence blanchard- levees

Há coisas que devem ser feitas sozinho. Ouvir Terence Blanchard é uma delas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

lembrando a entrevista de novembro/2011 do prof. luiz renato martins apoiando a ocupação da usp pelos estudantes e a saída do reitor joão grandino



No dia 9 de novembro, foi postado no YouTube uma entrevista que o professor Luiz Renato Martins, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, concedeu a jornalistas da Rádio Bandeirantes, TV Bandeirantes, Rede TV, TV Brasil, SBT e Record em frente à Reitoria da USP.

Na rápida conversa que teve com os repórteres, Luiz Renato Martins fala dos laços existentes entre o reitor da USP, João Grandino Rodas, e episódios autoritários ocorridos nos últimos anos dentro e fora da Universidade. Um exemplo é a propensão de Rodas — conhecida publicamente desde 2007, pelo menos — por resolver os problemas políticos pelo viés da militarização.
O professor da ECA defende que é exatamente devido a esse histórico que Rodas foi nomeado pelo ex-governador José Serra para assumir a Reitoria da USP, mesmo tendo perdido a eleição indireta realizada pelo Conselho Universitário — até então, instância decisória soberana dentro da Universidade.

(do blog coletivo Outras Palavras http://rede.outraspalavras.net/pontodecultura/ )

sábado, 7 de janeiro de 2012

a mídia com penas

(Fugindo um pouco da proposta do blog...)
Por Fredi do blog Futebol, Política e Cachaça ( http://www.futepoca.com.br/ )



Terça-feira, Dezembro 20, 2011
A cumplicidade da mídia matará o PSDB


"O tempo lança à frente


todas as coisas e pode

transformar o bem

em mal e o mal em bem"


Maquiavel in O Príncipe




Das poucas coisas que aprendi da política, e do contato com políticos, uma delas é que, ao contrário do que pensa o senso comum, a política não é intrinsencamente ruim. É necessária à sociedade como modo de mediação das relações sociais e o que pode um dia transformá-la. O que a torna podre, muitas vezes, é quando se submete a interesses menores, a pessoas que gravitam em torno do poder para adquirir vantagens. E a arte da política é muitas vezes confundida com a chegada ao poder. E este, sim, o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.

Uma das formas que a sociedade moderna encontrou de controlar em parte essa face discricionária foi a alternância de grupos no poder e a liberdade de expressão. No lugar-comum, o sol é o melhor desinfetante, a luz do dia revela.

Pois bem, e o que aconteceu no Brasil em bom período e em São Paulo até hoje? Um pacto entre um grupo político e os maiores meios de comunicação por interesses comuns. Pode-se falar em ideologia, negócios, defesa do livre-mercado, o que for... O que fica claro e foi demonstrado mais uma vez pelo livro "Privataria Tucana" é que os grandes meios de comunicação nunca foram equânimes.

Chegaram, esses meios de comunicação, a transformar em escândalo acordo da ministra Gleisi Hoffmann para ser mandada embora da Telebras e receber o FGTS, coisa que qualquer trabalhador faz. Ao mesmo tempo em que fazem de conta que não viram as investigações na Suíça e na Alemanha sobre propinas a tucanos pela empresa Alstom no fornecimento de equipamentos para o Metrô paulistano, quando deixaram de investigar as causas do soterramento de pessoas em acidentes na estação Pinheiros do mesmo Metrô (alguém já sabe de quem é a culpa?), ou, agora, quando deixam de noticiar a lavanderia documentada de dinheiro no exterior que coincide com as privatizações e que tornou pessoas próximas a José Serra milionárias. E que permitiu inclusive comprar a casa em que ele mesmo mora.

Ora, está provado que, para a grande mídia, o pau que dá no PT não dá no PSDB. Ok, os petistas podem reclamar com justa indignação. Mas, no longo prazo, creio que essa atuação será muito mais danosa para os tucanos.

Sem cobrança, sem fiscalização, achando que serão sempre encobertos façam o que fizerem, a tendência de se queimarem em escândalos cada vez maiores é muito grande. E quando o PSDB não puder mais ser instrumentalizado pela burguesia e pela grande mídia em defesa de seus interesses, será mais um partido jogado no lixo da história. Como já foram outros como o natimorto PFL, seu sucedâneo, o DEM, e outros mais antigos, como o PSD original. Claro que surgirá outro grupo disposto a defender os interesses da burguesia, e muitos personagens do atual PSDB estarão nesse novo veículo, que também se esgarçará com o tempo.

Disso tudo sobrará para a maioria das pessoas mais uma vez a descrença na política, enquanto os interesses de quem sempre mandou e manipulou continuarão intocados. Com a conivência de muitos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

daniel piza

Com muito atraso, soube agora da morte do jornalista Daniel Piza. Que sentimento estranho! Não o conhecia pessoalmente, mas já brigamos. Trocamos vários e-mails em que travávamos discussões, algumas com um tom de acidez e ironia, alguns tons acima do normal. Ele era teimoso, assim como sou, quando me meto numa discussão em que tenho as minhas convicções formadas e, sobretudo, quando tenho um interlocutor que as contrapõe com argumentos fundamentados. Nunca houve um vencedor nessas nossas discussões e, tão pouco acho que um dos dois tenha convencido o outro. Em dado momento, achei que não valia mais a pena. Desisti. Parei de ler as suas colunas e blog faz tempo, mas com a notícia de sua morte, retomei a alguns de seus textos. Pulei os de caráter político, dos quais nunca teríamos qualquer acerto, mas li os de futebol, literatura, música e cinema e percebi, ou lembrei, que haviam assuntos sobre os quais poderíamos ter tido discussões convergentes. A vida é assim: nem sempre enxergamos o que de melhor se apresenta pra gente.


Na sua última postagem, cinco dias antes de morrer, ele discorreu, em tom melancólico e confessional, sobre o natal, de seus presentes e de suas ausências. Reproduzo o texto abaixo.

Daniel Piza, aos 41 anos, deixa mulher e três filhos.


25.dezembro.2011 07:45:18
De presentes e ausências


Nesta época é comum ver, além das retrospectivas, os apelos piegas ao tal espírito natalino, abusos de expressões como “renovar esperanças”, previsões furadas de astrólogos, tarólogos e outros loucos, textos que lamentam onde estão os natais d’antanho, mensagens de boas festas com listas de virtudes. Meu impulso é perguntar por que as pessoas não procuram ser assim o ano todo, e não apenas no solstício que foi apropriado pela religião e pelo folclore para se tornar uma data paradoxal em que se discursa sobre bons sentimentos enquanto se consome em ritmo febril; até mesmo os nacionalistas se calam diante do fato de que a festa não tem cara do calor de 34 graus. E então me ponho a pensar em como generosidade e respeito, para ficar só nesses dois itens, andam em falta nos tempos atuais, especialmente nas grandes cidades, e em como a tecnologia que deveria nos aproximar nos tem dispersado. Mas lembro os Natais de infância, comparo com o dos meus filhos e as diferenças se